Brasileiro doou mais em 2022, revela pesquisa
Publicado em 26/09/2023
Separar parte da renda e contribuir voluntariamente para uma organização ou causa. Segundo a Pesquisa de Doação Brasil, 84% dos brasileiros, com mais de 18 anos e renda familiar superior a um salário-mínimo fizeram essa ação em 2022. Essa é a terceira edição da pesquisa e releva um índice superior a 2015, onde 77% fizeram doações e 2020, quando 66% doaram.
Segundo a advogada da Andersen Ballão Advocacia especializada em terceiro setor, Marcella Souza Carvalho, a pesquisa revela um fator de mudança ao longo do tempo. “A população tem aumentado sua percepção da importância das Organizações de Sociedade Civil, as OSC’s”, declara. Para ela, isso se dá devido ao contexto em que vivemos como a pandemia e as crises financeiras que afetaram mais camadas da sociedade. “Infelizmente, para algumas pessoas ainda é preciso viver na pele a necessidade para entender a importância das ações de entidades sociais”, esclarece.
Porém, um dado relevante sobre a pesquisa é quanto a doação em dinheiro feita diretamente para as OSC’s, que foi de 36%. Esse continua sendo um grande desafio para a cultura de doação no país e para a manutenção dessas entidades.
A pesquisa também revela o perfil do doador brasileiro, sendo na sua maioria jovem da Geração Z. Eles também possuem uma percepção melhor das OSC’s do que a população em geral e admitem a influência das redes sociais. São também mais dispostos a ajudar para além da contribuição em dinheiro. Entre os jovens, 62% se evolvem em outras ações além da doação.
A percepção sobre a reputação das marcas e empresas e sua influência sobre a decisão de consumo, também foram abordadas na pesquisa. O resultado mostra que os doadores punem mais as empresas com práticas inadequadas, 77%, do que premiam as empresas que possuem investimento social, 44%. Entre os doadores institucionais esse número é ainda maior, 85% e 49% respectivamente.
É importante ressaltar que as empresas privadas têm um importante papel no ciclo de doações, principalmente assumindo sua responsabilidade social e incentivando a cadeia de generosidade e contribuindo para o crescimento de uma cultura de doação no Brasil.
Olhando mais para a frente, a pesquisa mostra que 93% dos não doadores afirmam que poderiam passar a doar no futuro. Porém, Marcella alerta para o papel do governo no incentivo ao terceiro setor. “Para falarmos em boas perspectivas para o futuro, precisamos ainda de uma evolução nas políticas públicas sociais e envolvimento dos órgãos governamentais no que diz respeito a incentivar e fomentar as atividades das OSC’s”, analisa a advogada.
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