Nova instrução da Ancine sobre Cota de Tela fortalece o cinema nacional em 2025
Publicado em 30/01/2025
Sucesso de filmes como ‘Ainda estou aqui’ reforça os benefícios culturais e econômicos de ampliar exibições brasileiras
A trajetória de sucesso nacional e global de “Ainda estou aqui” demonstra a importância do apoio à disseminação do audiovisual brasileiro. Sob os holofotes domésticos e internacionais, o filme dirigido pelo Walter Salles abre um caminho para que o cinema do país conquiste um público cada vez maior, o que beneficia toda uma cadeia de produção e profissionais.
Inspirado no livro homônimo do escritor Marcelo Rubens Paiva, o longa-metragem já atraiu mais de 3 milhões de espectadores às salas de exibição do Brasil e conquistou importantes prêmios como Melhor Roteiro no Festival de Veneza 2024 e a estatueta de Melhor Atriz para Fernanda Torres no Globo de Ouro, além de três indicações ao Oscar.
De acordo com a advogada e coordenadora do Departamento de Assuntos Culturais e Terceiro Setor da Andersen Ballão Advocacia, Marcella Souza Carvalho, o impacto cultural e econômico de filmes como “Ainda estou aqui” chama atenção para a relevância de políticas culturais que fomentem o acesso a narrativas brasileiras. Entre elas está a política cultural da Cota de Tela, implementada pela Agência Nacional do Cinema (Ancine). A medida garante que uma porcentagem mínima das sessões de cinema seja destinada a filmes brasileiros.
Criada para fomentar a produção audiovisual independente, essa ferramenta busca equilibrar a concorrência com grandes produções estrangeiras e ampliar o acesso do público às narrativas nacionais. “Sua importância vai além da cultura, sendo um motor para a geração de empregos, renda e inovação no mercado audiovisual”, destaca Marcella.
Em 2025, há novidades sobre esse dispositivo que favorecem a formação de público e o mercado de filmes brasileiros. A Ancine anunciou a atualização da Cota de Tela para 2025, por meio da Instrução Normativa nº 172/2025, para fortalecer a indústria cinematográfica nacional. As novas regras priorizam a exibição de filmes brasileiros em horários de maior audiência, especialmente após as 17h, e incentivam a programação de obras premiadas em festivais, reforçando a relevância do audiovisual do país no cenário cultural. A medida busca atrair mais público para o cinema nacional e promover um equilíbrio na diversidade de produções em cartaz nas salas de exibição.
A regulamentação reflete os esforços do órgão para reverter a baixa participação de filmes nacionais no mercado. Estudos técnicos mostraram que, apesar de um número considerável de produções, o percentual de público alcançado ainda é inferior ao potencial. Com essa atualização, espera-se um aumento no market share do cinema brasileiro, estimulando a produção e a circulação de obras independentes.
Além do impacto cultural, a medida é estratégica para o desenvolvimento econômico. Márcio Tavares, secretário-executivo do Ministério da Cultura, ressaltou que a indústria audiovisual gera mais de 600 mil vagas diretas e contribui significativamente para o PIB do Brasil. “Quanto mais filmes brasileiros nós tivermos em cartaz, melhor tende a ser o desempenho dos nossos filmes. Isso significa mais histórias brasileiras, mas também mais renda e emprego.”
Outros incentivos
Marcella Souza explica que além da Cota Tela, o Brasil concentra um ecossistema abrangente de fomento ao audiovisual que combina incentivos diretos e indiretos, o que abre um leque de possibilidades para o setor privado investir em incentivo à indústria nacional. A Lei do Audiovisual permite que empresas e indivíduos patrocinem ou invistam em projetos culturais, obtendo benefícios fiscais. Existem ainda mecanismos como os FUNCINES e o Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), que garantem acesso direto a recursos, financiando etapas essenciais como desenvolvimento, produção e exibição.
Essas iniciativas, coordenadas pela Ancine, atendem às necessidades do mercado e incentivam a profissionalização do setor. O modelo híbrido de fomento possibilita que diferentes perfis de investidores e produtores participem do crescimento da indústria audiovisual, assegurando sustentabilidade e inovação.
Ao financiar o cinema nacional, empresas brasileiras conseguem benefícios fiscais e criam uma conexão emocional com o público, destaca a advogada. “A associação com produções nacionais também fortalece a reputação da marca, posicionando-a como parceira do crescimento social, cultural e econômico do Brasil”, reforça.
Matérias Relacionadas
Investimentos públicos e privados dão novo fôlego à Cultura
Depois dos desafios dos últimos anos, a cultura está retornando ao centro das atenções, com investimentos tanto públicos quanto privados A cultura, que sempre foi…
Leia maisPrimeira obra de Alfredo Andersen no Brasil é doada ao…
“Porto de Cabedelo” revela paisagem da chegada do pintor ao Brasil Ao chegar no Brasil, o pintor Alfredo Andersen (1860-1935) retratou a paisagem que avistava,…
Leia maisConheça as histórias por trás da sede da ABA, nosso…
Escritório atua no mesmo endereço há 20 anos, preservando a história e a memória da capital paranaense Atender seus clientes em todas as demandas jurídicas…
Leia mais