“A tecnologia transformou a advocacia e o Brasil está à frente nesse processo” - Andersen Ballão Advocacia

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Nosso sócio-fundador Wilson J. Andersen Ballão comenta a evolução da área jurídica empresarial

“A tecnologia transformou a advocacia e o Brasil está à frente nesse processo”

Publicado em 30/01/2025

Nosso sócio-fundador Wilson J. Andersen Ballão comenta a evolução da área jurídica empresarial

 

Se um advogado que estivesse atuando há 45 anos fosse transportado para um escritório nos dias de hoje, talvez ficasse perplexo. Onde estão as pilhas de processos? O telefone fixo? O corre-corre constante entre tribunais? A advocacia se reinventou. Videoconferências substituíram parte das reuniões e das audiências presenciais, sistemas novos agilizam petições e a tecnologia tornou o tempo um recurso ainda mais valioso. Mas há algo que nunca muda: a importância da estratégia e da experiência.

Um dos pioneiros na advocacia empresarial internacional em nosso estado,  o  sócio-fundador da ABA, Wilson José Andersen Ballão, acompanhou de perto muitas das transformações ao longo dos quase 46 anos do escritório, mais do que isso, protagonizou grande parte delas.

Durante sua participação no programa Direito e Justiça, apresentado por Débora de Castro da Rocha, Dr. Ballão relembrou momentos que moldaram sua carreira e falou sobre o impacto da tecnologia no setor jurídico, além de destacar o papel dos escritórios em ter a responsabilidade social como uma das suas missões. Confira alguns trechos da conversa:

 

A tecnologia transformou o setor jurídico nos últimos anos. Como o senhor enxerga essa evolução?

Depois da pandemia, eu notei uma certa concentração das audiências e das reuniões online. Eu imaginava que isso iria diminuir com a volta das atividades presenciais, mas não diminuiu no ritmo esperado. O nosso meio jurídico, sempre tido como tão conversador, não é mais assim. O Brasil está muito mais adiantado que muitos países em inovação tecnológica, principalmente se comparado aos europeus. Isso facilita muito o trabalho, e as empresas se beneficiam desse avanço, pois os processos estão mais ágeis. Temos, hoje em dia, a tecnologia ao nosso serviço, que eles ainda não possuem. Quando recebemos advogados alemães, eles se assustam com o desenvolvimento tecnológico dos tribunais brasileiros.

 

Como a Andersen Ballão Advocacia acompanhou essas mudanças e inovações?

O escritório investiu nessa transformação. Além de sistemas e aplicativos especiais, voltados para os serviços jurídicos, criamos um espaço com salas de videoconferência. Nós temos um jardim muito bonito. Nele, solicitei a um arquiteto que planejasse uma infraestrutura para comunicações online que não conflitasse com a paisagem serena da natureza ao redor. Assim, construímos três salas de videoconferência individualizadas e superconfortáveis, à prova de som e climatizadas que eu chamo de arquipélago digital. Nós somos muito ligados ao mar, por isso demos às salas o nome de Ilha do Mel, Ilha da Cotinga e Superagui. Eu já fiz audiência lá. Você passa três, quatro horas em seu interior e não sente o tempo passar. Foi uma inovação tecnológica que veio para nos ajudar bastante.

 

O senhor e a ABA vivenciaram momentos estratégicos da economia brasileira. Algum caso marcou a história do escritório?

Existe um ditado que diz que quando o cavalo passa selado você tem que montar. No meu caso, como disse a Karin, minha mulher, em uma crônica que ela escreveu, foi um navio. Em 1993, um navio graneleiro, carregado com 130 mil toneladas de soja, encalhou no canal da Galheta, na Ilha do Mel, e o capitão dos portos, numa medida de segurança, baixou o calado para 16 pés ou aproximadamente 5 metros. Isso impossibilitava qualquer navio graneleiro de entrar ou sair do porto. O navio, que desencalhou do canal e voltou a atracar, para verificar possíveis avarias, teria que descarregar todas as 130 mil toneladas de soja, o que demoraria pelo menos um mês e custaria alguns milhões, uma vez que o Porto de Paranaguá não estava preparado para o descarregamento de soja. Os holandeses, responsáveis pelo navio, estavam desesperados e, como um deles era meu amigo, me chamaram e perguntaram: ‘O que dá para fazer? Você pode fazer alguma coisa?’. Eu olhei para eles e disse: ‘Posso, sim, mas eu quero pensar’. No dia seguinte, entrei com um mandado de segurança, uma peça muito enxuta e objetiva, e consegui a ordem judicial para que o navio deixasse o porto. Mas a história que veio depois se prolongou. Em resumo, foram expedidos 268 mandados de segurança, e toda a soja exportada pelo Porto de Paranaguá nos anos de 1993 e 1994, passou pelo escritório.

 

 

Além da advocacia, o senhor tem forte atuação no Terceiro Setor. Poderia contar mais sobre essas iniciativas?

Falei bastante de advocacia, mas também é importante falar sobre propósitos. No escritório já fazíamos muitas ações sociais ao longo da história, mas não tínhamos uma equipe estruturada para isso. Criamos então, um departamento de assuntos culturais e terceiro setor. Logo em seguida, assumimos o Instituto Princesa Benedikte, que dá suporte a um  lar que acolhe crianças em situação de risco, e eu fui conduzido à presidência. Em Santa Felicidade, erguemos um edifício de mil metros quadrados, ao lado do já existente Lar Dona Vera, com a finalidade de acolher aproximadamente 40 crianças. Levamos quase quatro anos na construção e, em 2018, tivemos a inauguração com a vinda da Princesa Benedikte da Dinamarca. Foi um fato muito marcante.

Também atendemos a Sociedade Amigos de Alfredo Andersen, meu bisavô, que  é uma das mais antigas sociedades amigas de museu do Brasil.  Em 1940, Romário Martins, Theodoro De Bona, Emiliano Perneta, entre outros artistas e escritores, se uniram para estabelecer um museu em homenagem a Alfredo Andersen, no local onde ele ministrou aulas, viveu e faleceu. Atualmente, além do Museu Casa Alfredo Andersen, possuímos também o seu ateliê, que está em funcionamento há mais de 120 anos. A sociedade, conhecida por sua sigla SAAA, oferece suporte ao museu. As obras de Alfredo já foram apresentadas em dezenas de capitais, incluindo na Noruega, onde ele nasceu, a cidade de Kristiansand, e em Oslo.

Além disso, temos o Instituto de Apoio à Orquestra Sinfônica do Paraná.  Antes da pandemia, tivemos a vida do maestro alemão Stefan Geiger, que revolucionou a orquestra. E ele me pediu a criação desse instituto, justamente como uma forma de viabilizar os concertos da orquestra. Lembro que sugerimos o nome do Jaime Lerner para presidente, mas quando fomos vê-lo, ele disse: ‘não, você é quem vai ser o presidente!. Fizemos muitos concertos e durante a pandemia tivemos a possibilidade de realizar concertos online, o que foi muito bom, já que eles trouxeram um pouco de alegria em um tempo triste. Depois de muitos anos, passei a presidência para o Samuel Lago, que faz um grande trabalho.

Assista à entrevista completa, disponível no canal do Youtube do programa Direito e Justiça em 22 de janeiro de 2025. Clique no link abaixo: https://www.youtube.com/watch?v=_rr3Jw2XFxU.

 

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