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Solidariedade dos brasileiros aumentou em 192% as doações online e o número de voluntários ativos chega a 57 milhões

A pandemia aumentou ainda mais as desigualdades sociais no país e causou danos irremediáveis. Ao mesmo tempo, o isolamento e a atenção pelo próximo aumentaram o número de doações e de voluntários. De acordo com levantamento da Stone, fintech de serviços financeiro e de pagamentos, foi registrado um aumento de 192% nas doações online ao longo do período de pandemia do coronavírus.

Nesse cenário, a busca por realizar ações solidárias no período também cresceu, como afirma a coordenadora do departamento de Assuntos Culturais e Terceiro Setor da Andersen Ballão Advocacia (ABA), Marcella Souza: “Os índices nos mostram que as doações e o voluntariado aumentaram nos últimos dois anos significativamente, especialmente frente ao contexto todo da pandemia, e isso é uma coisa de fato excelente”, diz.

Apesar do fluxo de doações ter sido mantido, o trabalho das instituições foi diretamente impactado, e muitas tiveram que se adaptar ao formato online, diminuir ou interromper vagas presenciais. Por conta disso, as organizações da sociedade civil seguem precisando de recursos que não sejam exclusivamente dirigidos a programas e projetos, ou seja, que possam apoiar as instituições no longo prazo e de forma estrutural.

“Devemos nos lembrar que o terceiro setor não é mero executor de projetos e de solução para momentos de tragédias. Ele é uma base fundamental para o desenvolvimento e atendimento social constante da população. É preciso reforçar o caráter de investimento social com o objetivo de fortalecer institucionalmente as organizações da sociedade civil, para além de projetos pontuais e situações emergenciais”, explica Marcella Souza.

Outra tendência verificada na pandemia e que deve ser mantida é o aumento de pessoas envolvidas em voluntariado, com destaque para funcionários de empresas. De acordo com o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS) e Datafolha, em 2021 cerca de 57 milhões de brasileiros foram voluntários ativos, um número surpreendente, que equivale a 56% dos brasileiros com mais de 16 anos. E os dados podem aumentar ainda, com o investimento de mais empresas na capacitação de seus quadros para a ação social.

Com toda a transformação ocorrida durante a pandemia, surge a necessidade de que as organizações e os voluntários se estruturem e profissionalizem cada vez mais sua gestão, de forma a poder manter a luta pela garantia de direitos e atendimentos à população em situação de vulnerabilidade.

Além disso, faz-se necessário investir em um novo pensamento sobre o investimento social, baseado na confiança. “As organizações precisam cada vez mais de transparência, gestão profissional e estratégias de ação claras, de forma a atrair e manter doadores que respeitem seu trabalho e apostem nele”, enfatiza a advogada. “De outro lado, voluntários, empresas e demais patrocinadores têm vivenciado cada dia mais o papel motivacional, estratégico e de retorno financeiro que as atividades em conjunto com entidades do terceiro setor podem proporcionar, o que consolida e alavanca os benefícios de curto a longo prazo.”